Escrevi um memorando para não me esquecer das tuas memórias. Contém apenas quatro frases, e mesmo assim magoam-me naquilo a que as pessoas chamam de alma. Tentei explicar o que sinto e só consegui dizer que, quando passeio na rua ou vou às compras, quando ouço uma música que me lembre de nós, quando acordo para a realidade sinto-me a sufocar,assim, sem razão aparente, deixo de conseguir respirar.
A E. garante-me que o corpo regula a ansiedade, ninguém morre disso, diz-me. E eu acreditei. Eu acredito em tudo o que ela me diz. E além do resto, de que me valeria morrer se apenas guardo quatro memórias tuas?
Fiz um memorando, é tão curtinho, que de tão curtinho o guardo no bolso. Vou construir novas memórias, depois esqueço-te.
Seja como for a E. disse-me que não me mereces, e eu acredito em tudo o que a E. me diz.